Com o retorno das
atividades no Congresso Nacional e após a escolha dos novos presidentes
da Câmara dos Deputados e do Senado, as casas legislativas retomam a
apreciação de matérias nesta semana.
Estão entre as pautas do Congresso em 2017 as reformas
previdenciária e trabalhista – propostas pelo governo federal – bem como
a discussão do pacote anticorrupção, o socorro aos estados em grave
crise econômica, a reforma do ensino médio e a regulamentação do
aplicativo Uber.
De acordo com o que prevê o presidente reeleito da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia, a reforma da Previdência (PEC 287/16) e a
reforma trabalhista (PL 6787/16) serão aprovadas neste primeiro semestre
para “garantir a recuperação econômica do país”.
Reforma da Previdência
A Câmara deve criar e instalar em fevereiro a comissão especial que
vai discutir a proposta de reforma da Previdência. A PEC prevê idade
mínima de 65 anos para homens e mulheres poderem se aposentar e tempo de
contribuição de 49 anos para o cidadão receber a aposentadoria
integral.
A tramitação do texto foi aprovada em dezembro pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), que analisou se a proposta feria algum
princípio constitucional. Foram 31 votos favoráveis à continuidade da
proposta e 20 contrários à PEC.
Reforma trabalhista
O governo enviou ao Congresso, em dezembro de 2016, uma proposta de
reforma da legislação trabalhista: o Projeto de Lei 6787/16. Segundo o
Executivo federal, o pacote de modificações estabelece a prevalência de
acordos e convenções coletivas entre patrões e empregados sobre a
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Serão 13 pontos que, negociados entre patrões e empregados, em caso
de acordo passarão a ter força de lei. Esses pontos incluem parcelamento
de férias, banco de horas, jornada de trabalho e remuneração por
produtividade. A proposta proíbe a alteração por acordo coletivo de
normas de segurança e medicina do trabalho.
Ainda, de acordo com a proposta, a Justiça do Trabalho, ao analisar a
convenção trabalhista, deve seguir o princípio da intervenção mínima na
autonomia da negociação.
Reforma política
Para valer na próxima eleição, qualquer alteração na legislação
eleitoral precisa se tornar lei antes de outubro de 2017. Por isso, a
Comissão Especial da Reforma Política vai priorizar alterações
legislativas com foco nas eleições de 2018, quando serão escolhidos o
novo presidente da República, bem como governadores e senadores, além de
deputados federais e estaduais.
Entre os 15 tópicos da reforma política, estão temas como
financiamento e sistema de votação. Ainda fazem parte do pacote o
possível fim da reeleição e do voto obrigatório, a coincidência de
eleições, a duração dos mandatos, o estímulo à participação das mulheres
na política e os mecanismos de democracia direta. Outro eixo da reforma
diz respeito aos partidos políticos e envolve debates sobre cláusulas
de barreira, coligações e federações partidárias.
Reforma tributária
Um dos temas mais debatidos no Congresso é a reforma do sistema
tributário. Em dezembro de 2016, o presidente Michel Temer afirmou que
“o foco do governo em 2017 será a reforma tributária, para tornar a
legislação mais simplificada”.
“Uma questão que me angustia sempre é a tributária. Penso eu então:
porque não levá-la adiante? Agora, o Executivo quer se empenhar na
reforma tributária, de forma a simplificá-la. É mais uma reforma que
queremos patrocinar e levar adiante”, disse Temer na ocasião.
Nesta primeira quinzena de fevereiro, mais uma proposta de reforma
tributária será apresentada na Câmara, desta vez pelo deputado Luiz
Carlos Hauly (PSDB-PR). O parlamentar defende a extinção de diversos
tributos incidentes sobre o consumo e o fim da guerra fiscal entre
estados.
A proposta de Hauly não é a única a tratar do tema. A bancada da
oposição tem uma alternativa, que inclui medidas como tributação maior
sobre os lucros das empresas, o imposto de renda progressivo e o aumento
do financiamento do Fundo de Participação dos Estados.
Reforma do ensino médio
Em 2017, os senadores devem analisar em plenário a medida provisória
que estabelece a reforma do ensino médio, flexibilizando o currículo
obrigatório. A reforma tem prioridade e deve ser um dos primeiros temas a
serem debatidos no Senado.
Os senadores têm um mês para deliberar sobre a medida, após o
retorno do recesso parlamentar. Caso não seja aprovada até o dia 2 de
março, a medida provisória perderá a validade.
Ensino em tempo integral e flexibilização curricular são pontos
centrais da reforma. A proposta amplia a carga horária mínima anual,
hoje fixada em 800 horas, para 1,4 mil horas, de forma progressiva.
Segundo o texto, em até cinco anos, a partir da publicação das mudanças
na lei, os sistemas de ensino deverão oferecer, pelo menos, mil horas
anuais de carga horária.
A proposta foi aprovada na Câmara no fim de 2016. No ano passado, a
reforma foi tema de uma série de protestos estudantis pelo país, com
ocupações de escolas, para pressionar pela sua suspensão. Há ainda duas
ações diretas de Inconstitucionalidade sobre o tema que dependem de
julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Socorro aos estados endividados
O governo federal estuda uma forma de ajudar os estados em situação
financeira mais grave – como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e o Rio
Grande do Sul. O primeiro estado a negociar a recuperação com o Palácio
do Planalto foi o Rio de Janeiro. O governo federal decidiu negociar
diretamente com os governos estaduais um pacote de recuperação fiscal. A
medida é uma opção ao projeto de lei que estabelecia o Regime de
Recuperação Fiscal dos Estados.
Temer vetou artigos do projeto de lei, em consequência das mudanças
no texto original. Os deputados retiraram a parte que trataria de um
Regime de Recuperação Fiscal para os estados em pior situação.
Regulamentação do Uber
Uma comissão especial foi criada na Câmara para discutir o monopólio
dos táxis e debater a regularização do aplicativo Uber. O colegiado
terá até 30 de março para discutir e aprovar um parecer sobre o tema,
que depois seguirá para o plenário.
A proposta dá exclusividade aos taxistas no transporte de
passageiros em todo o país (PL 5587/16). Pelo texto, caberá às
prefeituras definir as tarifas mínimas e máximas a serem cobradas dos
passageiros.
De acordo com o projeto, qualquer serviço de transporte de
passageiros deve ser oferecido somente por meio de veículos que tenham a
caixa luminosa externa com a palavra “táxi”,. além de taxímetro. No
Uber, carros particulares com motoristas são utilizados para o
transporte pago de pessoas. De acordo com a empresa, isso inviabiliza o
serviço nos moldes existentes hoje.
Pente-fino no INSS
Os parlamentares terão ainda que analisar um projeto de lei que
estabelece um pente-fino nos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).
Em julho de 2016, o governo federal editou uma medida provisória
sobre o assunto, mas o texto não foi apreciado a tempo pelo Congresso e
perdeu a validade. Então, um projeto de lei com o mesmo teor foi enviado
ao Congresso. Como o projeto não foi apreciado antes do recesso, o
governo editou nova medida provisória.
A proposta restringe o direito aos benefícios do INSS para quem não
contribui por algum tempo. Antes, quem perdesse a qualidade de segurado
deveria pagar quatro meses de contribuição para voltar a ter direito ao
auxílio-doença e ao salário-maternidade. O novo texto exige 12 meses de
novos pagamentos.
O texto ainda exclui da perícia médica especial os aposentados por invalidez e os pensionistas inválidos com 60 anos ou mais.
Abuso de autoridade
O projeto modifica o texto da Lei de Abuso de Autoridade, que é de
1965. O PLS 280/2016, que aumenta a pena para o crime de abuso de
autoridade, vai tramitar na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) do Senado Federal assim que o recesso parlamentar
acabar. A discussão da proposta chegou a ser iniciada no plenário em
dezembro, mas o então presidente do Senado, Renan Calheiros, retirou a
matéria da pauta.
Um dos pontos polêmicos da matéria prevê que servidores públicos e
membros do Judiciário e do Ministério Público possam ser punidos caso
sejam determinadas prisões “fora das hipóteses legais", como ao submeter
presos ao uso de algemas sem que apresentem resistência à prisão e
fazer escutas sem autorização judicial, atingindo “terceiros não
incluídos no processo judicial ou inquérito”.
A proposta foi debatida em uma comissão geral, mas, diante dos
protestos de setores do Judiciário e do Ministério Público – entre os
quais integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato – o então
presidente do Senado Renan Calheiros retirou o texto da pauta de
votações.
Pacote anticorrupção
Também está indefinida a análise pelos senadores do pacote de
medidas anticorrupção, que foi votado no plenário da Câmara em uma
sessão que avançou pela madrugada. A tramitação das medidas,
inicialmente propostas pelo Ministério Público, está suspensa.
Em dezembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux
determinou, em decisão liminar, que o pacote aprovado pela Câmara fosse
devolvido pelo Senado aos deputados para ser votado novamente.
De acordo com Fux, a tramitação do texto não obedeceu aos trâmites
necessários para um projeto de iniciativa popular. Tanto a Câmara quanto
o Senado recorreram da decisão.
Líria Jade - Repórter da Agência Brasil
Edição: Amanda Cieglinski
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