Dólar sobe e aperta nó do governo | Zanquetta Vitorino Advogados Associados

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20/08/2013 16h04

Dólar sobe e aperta nó do governo

Depois de três anos de crescimento frustrante, inflação próxima ao teto da meta, as famílias, que estão com 45% da renda anual comprometida (maior nível da história), podem ser atropeladas pelo aumento dos juros básicos (Selic) e do desemprego. A esse cenário, soma-se ainda a disparada do dólar, que bateu em R$ 2,4140 ontem, na sexta alta seguida apesar da atuação do Banco Central, e tem potencial para piorar o custo de vida em mais de 1 ponto percentual. Além disso, a alta da divisa tem estrangulado o caixa da Petrobras, o que pode levar a reajustes de combustíveis ou mesmo impedir investimentos no pré-sal.

Desatar todos esse nós, além de ser complexo, vai exigir que o governo se desdobre em diálogos não apenas com agentes políticos, mas também com os participantes do mercado financeiro. A condução da economia, até agora, segue mergulhada em descrença e tem sido alvo de ataques e críticas de economistas.

“Do lado fiscal confesso que já joguei a toalha. Pouco provável que haja uma evolução. O próprio Guido Mantega (ministro da Fazenda) declarou que a política fiscal é neutra, quando o BC insiste que é expansionista”, observou Alexandre Póvoa, economista-chefe da Canepa Asset. “Eles não falam a mesma língua em relação a isso”, criticou. A falta de credibilidade do mercado em relação às contas públicas tem sido também o principal ingrediente para que a desvalorização do real frente ao dólar fique acima das demais moedas de países emergentes.

A desconfiança levou a uma saída de capital estrangeiro do país, sobretudo da bolsa de valores. Esses investidores, segundo especialistas, estão desmontando suas apostas no Brasil. A BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, reduziu sua participação em três empresas brasileiras: Cia Hering, Usiminas e CCR. Essa saída de investidores tem significado também saída de dólares do país e levado a uma valorização do dólar frente ao real. No mundo, segundo um estudo da DX Investimentos, de 35 divisas, a brasileira só não perdeu mais valor que a moeda da África do Sul.

Ontem, mesmo depois de o BC desaguar US$ 4 bilhões no mercado, o dólar subiu 0,83% e fechou o dia a R$ 2,4140 na venda. No ano, a instituição fez quase 60 intervenções (operações swaps), que geraram um volume financeiro de R$ 53,8 bilhões.

Pressão eleva a projeção da selic

Somando às perspectivas de desaceleração da economia, os títulos públicos do governo brasileiro sofreram com esse cenário e o aumento das apostas de que os juros deverão subir. O Tesouro Nacional foi obrigado a intervir no mercado e fazer duas operações de recompra que somaram R$ 1,6 bilhão. Dos nove títulos com vencimento até 2019, o órgão conseguiu comprar apenas três tipos: a LTN de julho de 2016 e as NTN-F de janeiro de 2018 e de 2019.

Fontes do Tesouro, entretanto, asseguram que essa instabilidade do mercado é causada exclusivamente “por questões externas”. A melhora dos indicadores macroeconômicos dos Estados Unidos e as especulações em relação à sucessão de Ben Bernanke no comando do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) são os principais motivos apontados para a recente virada no câmbio.

Com a escalada do dólar, o mercado começa a refazer para cima as previsões em torno da alta de juros (Selic) até o fim de 2013. A aposta é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central eleve a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na próxima semana, dos atuais 8,50% para 9% ao ano. Com a medida, a instituição tenta minimizar o impacto da alta do dólar sobre o real na inflação. Se a elevação da divisa observada recentemente for mantida, pode haver impacto de mais de 1 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a carestia oficial.

Expectativa Nas duas últimas reuniões do ano da diretoria do BC – uma no início de outubro e outra no fim de novembro –, a autoridade monetária deve manter o processo de aperto, acreditam os analistas. O Boletim Focus, divulgado ontem, apontou a mesma expectativa de quatro semanas atrás para a Selic de 2013: 9,25%. No entanto, se fortalece no mercado a crença em um percentual na casa dos dois dígitos.

Ontem à tarde, por exemplo, 40% dos investidores no mercado futuro apostavam em um aumento da Selic, até o fim de 2013, para um nível de até 10% ao ano. “Ficou claro, nas últimas tentativas, que as intervenções feitas pelo BC no mercado de câmbio perderam eficácia. A combinação de dólar alto e inflação vai jogar os juros para cima, não há alternativa”, argumentou Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global Partners.

Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, avalia que a Selic chegará ao fim de 2013 a, no mínimo, 9,5% ao ano. Ele pondera, entretanto, que, se o dólar continuar a subir, o BC poderá intensificar os ajustes. “O câmbio virou o grande termômetro para os juros. E, por essa razão, não vejo motivo algum para o Banco Central paralisar o aumento da Selic”, disse.

Para Leonardo Figueiró, vice-presidente do World Trade Center Brasil e responsável pelo clube de negócios em Belo Horizonte, as oscilações do câmbio geram insegurança aos investimentos no país. “Tem um pessimismo instalado. Há 10 anos não via um sentimento assim tão forte. Tem muito empresário achando que não dá mais para recuperar 2013 e querendo focar em 2014, mas ainda estamos em agosto”, observa. “Essa mudança de regras do jogo a toda hora não é boa”, acrescenta.

Desaceleração Em meio a todo esse cenário, o mercado não para de reduzir as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 e de 2014. “A gente vai ter uma atividade mais fraca no próximo ano. Isso vai ter impacto no emprego”, frisou Póvoa, da Canepa Asset. Na visão dele, 9,75% ao ano é o limite do Banco Central nesse processo de ajuste monetário. “Ele vai até esse percentual em função da sua não independência. Levar a dois dígitos causaria um barulho político enorme e acho que o BC não tem mandato para isso”, criticou. 

Fonte: Estado de Minas

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